ÔMICRON – Novas lições para os usuários de espaços fechados

A mutação Ômicron do Sars-Cov-2 é a bola da vez. Altamente transmissível, felizmente de menor gravidade, ao menos para os que estão imunizados. E como será a próxima?

Entre a cepa original e a Ômicron passaram-se dois anos. O que aprendemos neste período, e o que efetivamente foi feito para melhorar a segurança das pessoas em ambientes fechados?

A variante Ômicron deixou evidente, mais uma vez, que a via preferencial de contaminação é a transmissão aérea, onde os aerossóis emitidos por uma pessoa contaminada podem permanecer flutuando no ar durante horas, acumulando-se num ambiente fechado e inspirados por pessoas sadias naquele espaço. Os aerossóis emitidos por pessoas são gotículas microscópicas de muco que podem conter agentes patogênicos, emitidos ao falar e mesmo expirar. Não é necessário tossir ou espirrar. Basta respirar. O receptor dos aerossóis não tem defesa: dependendo da carga, será contaminado. Se sua condição imunológica for boa, sorte dele, a progressão da doença não será grave, felizmente.

Mas então preciso ficar durante horas numa sala para ser contaminado? Não: lá no início da Covid-19 já saíram relatos de pessoas contaminadas em restaurantes, em audições musicais e outros eventos, onde permaneceram por pouco tempo, ou mesmo muito distantes do contaminador, ou seja, a pessoa doente na ocasião. Alguns destes relatos foram confirmados por estudos técnicos, consolidando o conhecimento do mecanismo da transmissão aérea. Basta você estar na proximidade de um emissor, a própria dispersão gasosa dos aerossóis, tão pequenos que se comportam como moléculas de gás no ar, vai fazê-los chegar a você. Imagine-se num restaurante ou bar sem máscara! Também aprendemos que as máscaras ajudam, mas, para que sejam efetivas, precisam ter um bom padrão. De que adianta uma máscara que retem apenas 50% dos aerossóis que chegam em você? Melhor usar uma que retém 95 % como as N-95 e PFF2. De outra forma, ficamos apenas meio protegidos…

Também aprendemos que a probabilidade de transmissão aérea é menor em ambientes abertos. Mas, sempre depende da proximidade das pessoas ao seu redor, assim como da direção do vento. Muito se falou e se recomendou melhorar os sistemas de climatização, uma vez que a maior preocupação, com fundamento, são os espaços fechados. Melhor desligar o ar-condicionado e abrir as janelas? Talvez, porém nada é garantido. Nossas construções não são feitas para garantir boa ventilação e sempre dependeremos do vento. Por outro lado, a grande maioria dos sistemas de climatização no Brasil nem tem renovação de ar e, quando tem, mesmo que dimensionados segundo os melhores critérios normatizados, garantem no máximo 3 renovações de ar por hora. Isto equivale a uma troca de a cada 20 minutos. E a troca não é assim, toda de uma vez. De repente, ar limpo? Não! A renovação de ar é contínua, quando muito 10 % do fluxo total. É como querer limpar uma piscina suja com o fluxo de água limpa de uma mangueira.

Táxi e veículos de aplicativo, tudo bem, a área de janelas é grande com relação ao volume. Janelas abertas, claro! Agora, quando ele parar no semáforo, a coisa vai complicar. E o transporte coletivo? É complicado: Metrôs e muitos ônibus nem possuem janelas que abrem! E quando abrem, são mínimas. Melhor fechar tudo e confiar no sistema de ar-condicionado? Não. Do jeito que os sistema existentes são, absolutamente não. Para segurar aerossóis, somente filtros finos, de alta eficiência na faixa de 5 micra. Só sistemas de salas de cirurgia em bons hospitais e determinadas áreas de produção industrial contam com filtros assim. Os aviões são um bom exemplo. Neles, o ar é recirculado em menor proporção e mesmo assim todo o ar movimentado passa por filtros de alta eficiência. Modificar os sistemas existentes para comportar filtros deste tipo é, na maioria das vezes, inviável.

Hora de perguntar se existem alternativas de solução. Aumentar a renovação do ar, aumentar o grau de filtração, usar purificadores de ar com luz ultravioleta, ionizadores bipolares, purificadores portáteis com filtros HEPA diminuem a concentração geral de contaminantes, diminuindo a probabilidade de contaminação. Não resolvem, porém, a possível contaminação direta, entre eu e você conversando num escritório ou num bar. As únicas soluções efetivas para isso, que atuam no espaço entre o contaminador e o possível contaminado, são o controle da movimentação do ar e os purificadores de ar com base em fotocatalisação.

O fluxo de ar controlado, como nos aviões, insuflando de cima para baixo, ou nos sistemas de difusão de ar-condicionado pelo piso, com fluxo de baixo para cima, arrastam os contaminantes, afastando-os do receptor, diminuindo a concentração de contaminantes ao redor do emissor. Aviões, por mais restritos que sejam, apresentam probabilidade de contaminação surpreendentemente baixa, assim como são bem conhecidos os benefícios em termos de qualidade do ar nos edifícios com sistemas de difusão de ar pelo piso.

Os fotocalisadores geram peróxido de hidrogênio um gás altamente reativo, que elimina eficazmente microrganismos unicelulares. É, porém, amigável para os seres multicelulares.

A introdução de peróxido de hidrogênio no interior de uma sala, replica um processo que ocorre na natureza todos os dias. O sol, ao incidir sobre determinados óxidos metálicos no solo, recombina moléculas de vapor de água e oxigênio presentes, transformando-as em peróxido de hidrogênio. Quanto mais peróxido presente, mais limpo é o ar. Mais livre de microrganismos e gases orgânicos, ozônio ou óxidos de nitrogênio, os típicos poluentes urbanos.

Em poucas palavras, a fotocatalisação é um processo de purificação de ar ativo. As moléculas de peróxido se dispersam pela sala fechada, entrando em contato com os aerossóis que contém os vírus em seu interior, desativando-os. É um processo de eficiência comprovada contra o vírus da Covid-19 e muitos outros vírus e bactérias, entre eles, a variante Ômicron. É usado em todo o tipo de aplicações, em milhares de locais ao redor do mundo, inclusive nas naves espaciais e fornecido por muitos fabricantes. É uma solução disponível, apesar de estranhamente pouco divulgada e recomendada por alguns poucos órgão oficiais e entidades profissionais.

Mas esse tipo de postura é conhecido, não? Vírus não são cometas, mas são o problema. E o problema está no ar! Você não vê, infelizmente, mas ele está ali. Evidentemente reconhecemos que todas as tecnologias de controle de contaminantes devem ser utilizadas, sempre que possível e, sem dúvida, apresentam um efeito aditivo. E o resultado da aplicação de diferentes tecnologias num mesmo local tem por resultado uma somatória. Entretanto, por tudo o que foi colocado, é evidente que os uso de uma tecnologia de purificação ativa é mandatória. Seja movimentação de ar controlada, seja purificação de ar ativa por fotocatalisação!

Ricardo Cherem de Abreu

Engenheiro Mecânico e MSc pela UFSC

Diretor Técnico na Dannenge International